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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Parabéns pelo meu aniversário


Preciso que alguém me responda esta pergunta:
Por que quando fazemos aniversário, chegam as pessoas e falam:"Parabéns!". O que fizemos para que nos parabenizem?
Nos mantemos vivos...(as pessoas celebram no aniversário mais um ano de vida, não é?)
Comer, beber e dormir nos faz mantermos vivos por mais um ano.
E daí?
Nós ajudamos as pessoas, demos nossa vida pelos outros, servimos a Deus que nos deu a vida, aprendemos e passamos o que aprendemos para merecer recebermos um Parabéns?
Acho que só sabem parabenizar em momentos inúteis. Eu me incluo nisso. A pessoa vai e "se mata" para fazer algo bom pela humanidade, ou nem isso, faz um simples favor a alguém, mas ela não ganha Parabéns por isso. Ou se ganha, é póstumamente. Temos vários exemplos de revolucionários, de pessoas que lutaram sua vida toda, mas só ganhou prisão, morte e humilhação. E hoje, aprendemos sobre elas na história, louvamos e parabenizamos o seu grande trabalho.
Parabenizemos no dia certo! Esqueçam datas... não existe aniversário, já nascemos. A próxima parada é só o dia da morte agora. Não digo isso para que não se façam festas ou não se comemorem - agradeço a todos que me parabenizaram ontem no Orkut (ou hoje, não ligo que tenha atrasado). Amo vocês! Só digo que não há dia para se dizer Parabéns, há atitudes que merecem isso!

Parabenizemos e mereçamos parabéns!

domingo, 11 de abril de 2010

Nosso jogo


Na loja há um carro.
Ele está parcelado em 60 meses de alguns reais.
Zé julga precisar de um desses: o escritório é longe, demora demais o ônibus e os seus vizinhos todos tem um carro novo – menos ele. Então ele precisa de um carro.
Ele compra esse carro.
Passado dois meses, ele não aguenta mais o seu serviço. O patrão o explora e humilha. Pensa, pensa e repensa e conclui que pedir demissão é o melhor remédio.
Não. Ele tem a prestação do carro para pagar.
Demissão: descartada. Humilhação e exploração pelo menos por mais 58 meses.
Patrão: tem sua mão de obra barata e garantida para explorar. Ganha seu lucro a partir do esforço de Zé e não precisa financiar um carro. Ele paga a vista.
Zé: paga um juro enorme ao banco.
Banco: lucra muito com o juro do financiamento de Zé.
Montadora do carro de Zé: lucra com o dinheiro dele e pode ampliar sua empresa.
Ampliando sua empresa, pode comprar as montadoras menores e com as maiores montarão um cartel de preços de automóveis e de serviços de seus operários, pagando o preço que quiser para seus funcionários.
Mas pelo menos o Zé tem um carro.
Tem um carro para junto aos outros milhões deles passar horas no trânsito congestionado no qual o deixa estressado antes mesmo de chegar ao trabalho para ser explorado e ficar mais estressado ainda.
E ele tem um carro para junto aos outros liberarem gás carbônico a atmosfera e poluirem o planeta.
Tem um carro para pagar depois um tanto a mais com peças novas, pois a má condição das ruas em que passa faz com que as peças se desgastem.
E a montadora não se preocupou em fazer peças tão resistentes assim, afinal ela precisa vender suas peças, e depois de 60 meses pelo menos, precisa vender um novo modelo a Zé.
Conclusão: o carro de Zé é descartável - isso não foi dito a ele na compra.
Total do jogo:
Patrão: Dinheiro, empresa, poder, mão de obra barata.
Banco: Dinheiro (muito dinheiro), mais poder que o patrão, pois até este depende dele.
Montadora: dinheiro, aumento da empresa, mão de obra barata, garantia de mais lucros com peças e posteriormente a compra de seu novo modelo.
Zé: um carro, conta para pagar, dever de ser explorado e humilhado, estress, a culpa de ajudar na poluição do planeta e posteriormente dores de cabeça com o conserto do seu carro.
Agora o Zé precisa de uma casa. Todos tem casa.
A casa é financiada pelo projeto do governo "Minha casa, minha vida".
O jogo recomeça.

Lembranças


Eu quero me lembrar daquele dia, quero me lembrar de outro dia. Quero lembrar da sensação do seu abraço, do som da sua voz, do brilho dos seus olhos. Quero me lembrar também minha reação ao seu desprezo, das minhas espectativas frustradas, dos olhos que não se cruzaram e dos sons da suas palavras que sabia que eram mentiras.
Que os meus olhos revejam os seus e que minha boca queime na espectativa de te beijar cada vez que me lembro que você já esteve tão perto e sua vida já ficou tão próxima da minha. Contento-me em te ver por perto, logo ali, ajudando-me, criando-me, colorindo-me, finalizando-me.
Fecho os olhos e posso me lembrar das besteiras que já sairam da sua boca, posso lembrar dos consolos, posso lembrar daquela risada esparafatosa, e do sussurro sedutor. Posso me lembrar das feridas abertas por palavras, posso me lembrar das esperanças também com o mesmo instrumento. A tinta, a dança, a música, o ar, o filme, a festa, a conversa. Meu amor, minha raiva, minha idiotice, minha crença, minha imaginação, meu conto de fadas, minha decepção, meu contentamento, minha alegria, minhas lembranças.
Quero poder me recordar do toque da sua mão nas minhas, do seu momento de vergonha, da sua humildade e ao mesmo tempo do seu orgulho bobo. Quero me recordar que você é um idiota, que já te vi sendo falso, eu e você já falamos mal de pessoas que depois me arrependi de ter falado, já te vi ajudando muita gente, já te vi pedindo desculpas e já te vi fazendo coisas que não gostei e outras tão boas que eu mesma não faria.
E o hoje, não vejo nada seu aqui. E eu sei a sensação que isso me trás. E se eu não tivesse você fazendo parte do meu passado? Seria melhor o meu presente? Sentiria-me melhor assim?
Não se trata de ter você (para que não se sinta o poderoso, sei que se sente assim), trata-se de conviver com você, ou com qualquer outra pessoa. Trata-se de viver, e fazer de cada fato lembranças, que se eternizará dentro de mim, e construirá o que hoje sou, com defeitos, qualidades, traumas e mudanças. Eu não quero voltar atrás, eu não quero perder esses arquivos. Quero guardar, quero voltar a lê-los, quero analisar, checar, ter vergonha, arrepender-me, mas quero viver a ponto de poder juntar mais lembranças possíveis, mesmo que sejam elas dignas de ser esquecidas. Eu as quero todas para mim.
A infelicidade não é ter um passado ruim. A infelicidade é não nos lembrarmos de nada bom e nem ruim. Por isso, amo poder me lembrar de você.