Passei uma semana toda pensando como a humanidade tomou essa linha de pensamento que hoje vemos: uma linha tão empírica, voltada ao que vê e apenas isso. É loucura! Sei, não precisa me falar - é muita loucura passar uma semana se questionando porque pensamos assim como pensamos, por que do século XX em diante, encontramos tantas obras com fluxo de consciência, pinturas aparentemente sem sentido: Abstracionismo, Dadaísmo, Surrealismo... Fiquei pensando em tudo isso, por quê tanta transformação (para quê pensar nisso??). Por isso que nunca conheci uma pessoa que fez filosofia que fosse normal! É pirante!
E foi nessa piração que a sexta-feira chegou: prova de Língua Portuguesa.
Era para ser feito um texto, falando sobre a modernidade, com alguns textos como parametros e o limite de mais ou menos 30 linhas.
E aquilo empacou...
Nooossa... como empacou...
Eu tinha tanta coisa para falar que não conseguia dissertar. Não saía nada!
Fiz qualquer coisa, e quando estava passando para a folha de respostas, saiu o que queria realmente falar!
E agora lá vai o que eu escrevi...
opinem!
Notas de desabafo
Eu não sou o mesmo de séculos atrás. Sim, posso dizer que hoje sou outro, mas também não sei quem sou.
Meu mundo estava pronto e em fase de acabamento. Meus inventos eram belos e minha riqueza era a mais gloriosa. Minha sabedoria a mais plena, de todos os outros seres da Terra, mas hoje vejo tudo isso como o nada, em meio a realmente nada.
Estou perdido, pois o que construí foi alvo de minha própria destruição. Os meus aviões bombardearam-me, a minha sabedoria explodiu em Hiroshima. A minha ideologia transformou-se em motivos e mais motivos para a guerra. O medo tornou-se a minha paz - a Paz Armada. A paz cercada de terror de se apertar apenas um botão e o mundo ir para o espaço. O meu consumo desenfreado tornou-se minha prisão de status, e minha divisão do bem comum, virou miséria coletiva. Hoje minhas amizades, afeições e carinhos são distâncias imensuráveis digitadas e conhecidas por todos que mal conheço.
E como queriam que fosse minha criação? Não pode haver narrador onisciente nos meus livros, pois descobri que não sou onisciente. Como poderia ser minha pintura? Não pode haver perspecitiva, pois nem sempre o que enxergo é a total realidade. Sentido nas minhas telas? O mundo não faz mais sentido. Estou feliz, muito feliz, pois sei muito mais do que antes, quebrei fronteiras do saber e do próprio ser. Entretanto estou triste, pois ainda não sei quem de fato sou e para onde vou; assim também é minha arte. Nos meus romances interiorizo-me, como nunca antes fiz, descubro minha própria consciência e nisso vejo, que as angústias do mundo todo estão dentro de mim.
Assim sou eu, assim é minha história, assim é minha arte: algo sólido que desmancha no ar.
Ass: Ser Humano Moderno