
O projeto Ficha limpa tem dado o que falar. Sua aprovação no pelo Senado e a Câmara no útimo dia 19 (quarta-feira), deu ao povo brasileiro uma esperança de que mais essa história não acabe em pizza. Finalmente a pressão popular conseguiu o que queria. Entretanto podemos ficar tão felizes com isso? Poderiam os políticos terem uma carta na manga contra esse avanço da população?
Sim, eles tem. O projeto trás uma brecha - como quase todas as leis nesse país: o veto para candidatura só é permitido a candidatos com condenações colegiadas, deixando de fora crimes civís, como trabalho escravo e irregularidades em obras. Com isso muitos parlamentares podem se candidatar tranquilamente aos seus cargos almejados e permanecer no poder. É o caso do deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) que foi condenado pelo TRT, em segunda instância, por fringir direitos trabalhistas. As denúncias do Ministério Público era de que ele manteria trabalhadores em trabalho escravo. Segundo o projeto aprovado, esse candidato está com a sua ficha limpinha!
Podemos falar também do deputado do DEM-SP Jorge Maluly, que também está com sua ficha limpa, mesmo sendo condenado por improbidade administrativa por três desembargadores do TJ-SP. Crime de improbidade que causam inelegibilidade são as resultantes do enriquecimento ilícito e não consta nos julgamentos do projeto Ficha Limpa.
Já Paulo Maluf (PP-SP) não teve a mesma sorte. Por sua condenção ter sido de instância colegiada (foi condenado por compra supostamente superfaturada de frangos congelados), pelo projeto não poderá fazer parte das eleições. Ele nega as acusações, disse que recorrerá ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e que não desistirá da candidatura.
Se fosse eu também não desistiria, afinal há mais uma carta na manga – a língua portuguesa! O senador Francisco Dornelles, do mesmo partido de Maluf, apresentou uma emenda de plenário ao projeto, fazendo algumas alterações. Em todos os casos, onde havia “que tiverem sido condenados” e suas variações passaram a ser redigidas como “que forem condenados”. Assim, a proibição para que pessoas com condenações por colegiados se candidatem a cargos eletivos só valerá para sentenças proferidas após a promulgação da lei. Trocando em miúdos, todos os podres do passado não contam mais.
Políticos bondosos! Cumprem as regras cristãs – perdoam os pecadores do plenário.
Essa é, portanto, a Ficha Limpa que estão aprovando. Um golpe de mestre a todos nós. O plano perfeito: ficamos felizes com a promulgação da lei que lutamos para instaurar, os deputados e senadores ganham popularidade, e todos se reelegem do mesmo jeito e podendo dizer com a boca cheia “a minha ficha é limpa”!
Ah é! E tem a chance que esse filme de horrores seja adiado para próxima eleição. Para essas, há uma grande possibilidade de ver o circo chinfrinho a que estamos acostumados em todo ano de eleição.
E nós aqui impressionados com tramas japonesas e seriados americanos inteligentes. Temos mestres bem em casa e nem notamos!
ResponderExcluirParabéns a eles, belo projeto sujo pra uma ficha limpa. "everything again" xD