Era uma vez, no reino distante de Córdoba, uma bela princesa. Sua delicadeza fazia suspirar cada pessoa que lançava olhares sobre aquela bela criança, que brincava de boneca pelos jardins do palácio real. Seu nome era Marie.
Contudo, seus pais sabiam que ela era vítima de uma maldição terrível, jogada por uma bruxa cruel.
Era o dia mais feliz do reino de Córdoba. Todos em festa comemoravam o nascimento de Marie. O rei havia decretado feriado, e havia dado um banquete a todos os nobres, enquanto o povo se alegrava na festa na praça principal da cidade, com bebidas, comidas, músicas e muitas danças. A noite estava estrelada e os risos altos, enquanto a música encantava dentro e fora do palácio, humanos, elfos, anões e criaturas mágicas.
E no quarto real dormiam mãe e filha. A rainha ainda se recompunha do parto difícil que tivera no dia anterior. O rei abriu a porta com cuidado para não despertar as duas que dormiam no leito real. Fechou a porta e se sentou ao lado da mulher na cama, e ficou observando-a dormir. Lembrou-se do dia do seu primeiro beijo, em que ela, em sono profundo, dormia sobre um encanto de uma bruxa malvada. Bela, Bela adormecida. Ainda o era, pelo menos naquele momento. E sua filha era a mais linda de todo o reino, com a beleza tão bem herdada de sua mãe.
De repente, sentiu um vento adentrar o quarto pela janela, que estava aberta, e um vulto preto se materializou em forma de uma mulher vestida de roupas negras perto do berço onde se encontrava a criança adormecida. Ele sabia quem era ela.
- Bruxa Brianna! O que faz aqui?! – levantou-se e desembainhou sua espada, preparada para lutar.
- Achava mesmo que iria deixar de visitá-lo nesse grande momento?
- Saia daqui. Você não é bem vinda.
- Como não? Sou a tia da criança. E eu darei o nome para que ela seja minha.
- Você não pode fazer isso! – seu grito aparentou o desespero sentido.
A rainha acordou e ao ver a bruxa Brianna no quarto, o susto, o medo e a raiva a tomou de modo avassalador.
- Brianna!
- Oi! Que prazer em revê-la. Estava conversando com seu marido e lhe contando as novidades. Serei eu que podei o nome na sua filhinha.
- Não!
Todos naquele quarto sabiam o que significava isso. A primeira pessoa que nomeasse uma criança, na presença de, no mínimo duas testemunhas e jogasse o Pó Roseado sobre sua cabeça, teria direito de lançar benção ou maldição que se perpetuaria por toda vida da criança.
Para os filhos de reis, essa cerimônia era feita ao 3º dia, em vista de todo o provo, e o pai era o provedor da benção para o filho. Era o 1º dia de vida do bebê.
A rainha tentou se levantar com pressa. O rei, vendo sua atitude, correu em direção ao berço, para pegar a sua filha e afastar a bruxa. Numa fração de segundos, Brianna soltou no ar o Pó Roseado, que caiu na pequena menina. A magia soltou raios que iluminavam todo o quarto e ofuscava a visão de todos ali. Eram perceptíveis ali os gritos desesperados de sua mãe e as palavras de magia da bruxa.
- O seu nome significa deus do Oculto. Ela me pertencerá aos 10 anos de idade e será minha para sempre!
O pai, andando sobre a luz intensa, conseguiu chegar ao berço, num impulso tentou pegar a criança. Quando a tomou nos braços, a luz cessou. A garotinha começou a chorar e a bruxa desapareceu. Era como se um flash muito rápido houvesse sido disparado e transformado todo o momento anterior num rápido sonho. Era ele, com a bebê no colo e a mulher assustada olhando toda a cena. E o vento frio saía da janela do quarto pela janela, de forma discreta.
Os guardas do reino forçaram a porta e entraram rapidamente. Encontraram aquela cena e a feição desconsertada do rei, com a criança chorando em seu colo.
- Está tudo bem, majestade?
Ele olhou rapidamente para a esposa e visivelmente abalado, balançou a menina no colo, fingindo tranqüilidade, e dizendo aos gaguejos:
- Está tudo bem. A menina... a menina chorou e ... minha mulher acordou sobressaltada de um sonho... de um sonho, não é, meu bem?
Ela olhou com espanto para o marido e disse sem pensar muita coisa.
- Sim, sim. Foi isso.
Os guardas se entreolharam e saíram sem indagar coisa alguma. Aquele seria um segredo mantido a sete chaves, até os dez anos de idade da princesa.
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