A embalagem era linda. No papel era impresso todas as nossas lembranças, dos momentos intensos, carinhosos e inesquecíveis que tivemos. Depois que desembrulhei, encontrei uma caixa preta, opaca, que mostrava a incerteza do futuro, as dúvidas sobre o que realmente quero. Quero realmente abrir esta caixa e ver a saudade que há aqui dentro ou quero embrulhar de novo o presente, com aquela linda embalagem?
Inevitável. Abri a caixa. Estava vazia. E aquele vazio me encheu, essa falta de você passou a crescer gradativamente E então, hoje tento de todas as formas me livrar desse presente estranho, mas seria falta de educação, já que você o deu a mim. Mas ele me incomoda tanto, que às vezes, lembrar da embalagem bonita das lembranças, só piora a situação.
Então, descobri um método: encho-me de afazeres, de coisas a pensar e problemas a resolver. Tento criar outras lembranças, distrair-me com meu mundo novo e deixar esse presente de lado, guardado em algum lugar lá no fundo, para que pare de me atazanar.
Mas aí, quando a noite chega, deitada na minha cama, não são os afazeres e nem o meu novo mundo que me faz dormir em paz. Por isso, eu tomo nas minhas mãos aquela saudade, abraço-me a ela, apago a luz, fecho os olhos e então durmo tranquila. Porque nessa hora a saudade não é um vazio, mas sim o único pedaço que tenho de você aqui comigo.
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