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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A princesa, a bruxa e a Liberdade - 4. Incertezas (cont.2)

Após mais uma aula de Manda, andavam no campo, conversando e tirando dúvidas sobre a prática da bruxaria. O céu estava nublado, o sol encoberto e um vento suave parava sobre a campina e todo o reino. Poderia ser que uma chuva caísse ao final da tarde, mas não era certeza. Os dois andavam ali, a companhia dos guardas, entretidos numa conversa no qual quem visse ao longe teria certeza que se tratavam de dois bons amigos.
- Eu não sou bruxa, Henrique. Na verdade sou aprendiz. Vim do reino de Hugson. Minha mentora, assim como várias bruxas foram mortas em um ataque. O reino não está em boas condições, católicos e protestantes estão em guerra na região e nisso atribuem culpas às bruxas pelo azar da guerra. O que temos a ver em tudo isso?
- As bruxas são causadoras de males. Onde elas estão destroem o que há a sua volta.
- Sim, pode ser que seja a função das bruxas, mas os humanos devem aprender a assumir os próprios erros. Vi muita gente inocente morrer ali. Os elfos foram dizimados.
- Nunca vi pessoas tão boas como os elfos.
- Lá não eram bem vindos. Muitos fugiram, eu também fugi e pretendo não voltar mais para lá.
- Mas agora que tudo isso passou você pode escolher não ser mais bruxa.
- Era o que eu estava tentando fazer aqui. Mas não tem jeito, por onde for essa marca vai continuar.
- Então aquelas acusações contra você não são verdadeiras?
- Não.
- E por que não disse isso antes?
- Vi mulheres inocentes, que nunca nem havia imaginado praticar bruxaria, serem mortas por prepararem um chá aos seus filhos. Quem já viu tantas barbaridades consegue confiar na justiça?
- Agora te entendo.
- Ser estrangeira, ter hábitos diferentes e manejar magia já é maldade. A diferença já é maldade aos olhos dos iguais.
Henrique não tinha o que dizer. De certa forma estava impressionado. Se ela mentia, o fazia com convicção, pois realmente estava acreditando que não cometera aqueles crimes. Sentiu-se culpado por mantê-la ali presa, mas por outro lado, precisava desse favor e até estava gostando de sua companhia. Depois de um tempo e silencio, por não saber o que dizer nessa situação, finalmente Henrique cortou a pausa:
- Chás chineses são muito bons!

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